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Propaganda de Cerveja

março 5, 2009

cerveja

Certa vez, bicando uma conversa alheia, ouvi um comentário que me chamou a atenção: “Quem faz propaganda de cerveja acha que quem bebe é retardado.” Comecei a refletir e fui obrigado a dar toda a razão.

Vira e mexe estas empresas de publicidade se vêem em entraves jurídicos sendo proibidas de fazer isso ou aquilo. Na maioria das vezes por utilizarem conteúdo abusivo, apelativo ou de mau gosto. No mais, as propagandas são chulas e estúpidas, servindo apenas para manter o nome da empresa na mente das pessoas.

Uma empresa que eu tiro deste filão é a Nova Schin que, ao invés de fazer peças que exploram simplesmente corpos desnudos ou “turmas de jovens felizes”, utiliza a inteligência (ou vez por outra utilizam).

O comercial do “Experimenta, experimenta!” de tempos atrás, marcando a mudança da marca de Schincariol para Nova Schin, foi uma das estratégias de marketings mais geniais e bem sucedidas do Brasil moderno. A empresa, de certa forma, assumiu que seu produto era ruim, remodelou e convidou o cliente a experimentar a nova fórmula. Foi um arraso! De tal forma que, uma empresa que andava apagada à beira do fechamento, pulou para o TOP3 das cervejas nacionais(*). Um episódio lamentável foi o caso de Zeca Pagodinho (que participou do Experimenta!) falando da Brahma num show. Ele alegou que não leu o contrato (e desde quando ele lê contrato? dinheiro não serve pra comprar alguém pra ler contrato? ah!!) e não sabia que não poderia falar em público de outra cerveja. Acredito mais que tenha sido uma estratégia podre da Brahma para fazer o Zeca falar mal da Nova Schin e puxá-lo para seu lado o que, de fato, aconteceu.

Outra propaganda boa, que eu ria e ria e ria…, da Nova Schin, foi aquela do “Fifi canê“. O negão chegava num buteco na África e pedia uma Nova Schin, o dono olhava pra ele e dizia: “Nova Schin? Fifi canê! Fifi canê!” – olhando pro mar. A cena mudava e mostrava o negão saindo da praia, de roupa e tudo do jeito que estava, deu uma arrumadinha no cabelo, na gola da camisa, chegou no bar e bebeu sua Nova Schin, no Brasil.

Mesmo as propagandas mais bobas da Nova Schin, como estas da Ivete, ainda são infinitamente melhores do que a concorrência. A Ivete pelo menos sempre tem uma musiquinha boazinha e a propaganda é simpática, sem forçar ninguém a nada.

Vamos ver agora o outro lado. A Antarctica, apesar da proibição de usar mulher “pelada” nos comerciais, explora a beleza e curvas de Juliana Paes, naquela história de “A Cerveja BOA“; onde BOA seria “Bebedores Oficiais de Antarctica“. Conversa fiada.

A Brahma, que por muitos anos se limitava a se declarar como a A Número 1!, faz peças tolas do estilo “Refresca até pensamento” ou a tartaruga que driblava o motorista. A primeira propaganda da tartaruga foi até simpática, o problema foram as outras 500. Tal ponto que tiveram que proibir comercial de bebida alcóolica com animais e bichinhos ou qualquer coisa que incitasse crianças a simpatizar com bebida.

Recentemente, depois do caso Experimenta!, a Brahma contratou Zeca Pagodinho como garoto propaganda e foi aí que o nível foi lá em baixo mesmo. O mais apelativo foi a tal da “Zeca-feira“, pelo amor de Deus.

A Kaiser anda apagada, durante décadas explorou o baixinho e todos eram felizes. Também não faz falta.

A Bohemia é metida a chic, mas sua propaganda não vende estilo de vida. Vende cerveja. Por isso se preocupam em dizer os processos de fabricação, a qualidade do produto, a história da fábrica e coisas refinadas do tipo.

Agora a pior de todas é a Skol(**). Vivem de inventar modismos, piadinhas, estilos, turminhas, giriazinhas e tudo mais para insultar o intelecto de quem bebe. O slogan é “A Cerveja que desce redondo“, tudo bem. E aquele negócio de uma nave alienígena que tinha a fórmula da cerveja? Besteira. Motorista da rodada, grande besteira! Até parece que alguém ia ficar feliz em ser escolhido o motorista da rodada enquanto os outros se deliciiiam com a gelada. Besteira. Paquerador, besteira. Torcedor, besteira. É tudo besteira! Não falam de cerveja, falam de gente bonita que é feliz porque bebe cerveja. Isso é vender estilo de vida, e por este motivo, as propagandas de cigarro foram proibidas.

Se o nível continuar caindo e for, cada vez mais, apelativo, sugiro que proibam as propagandas de bebida alcóolica assim pelo menos podemos beber com a consciência tranquila sem ter alguém te chamando de idiota.

Uma cerveja boa mesmo não precisa de propaganda em massa e comerciais a cada 30segundos para fazer com que você jamais se esqueça dela. Uma cerveja boa precisa de preço e qualidade equilibrados. Uma cerveja boa você bebe uma vez e se apaixona. É por isso que eu digo: Eu amo ITAIPAVA!

prop

skol

(*) Tramóias e sonegação de impostos, que culminaram numa operação da Polícia Federal, também ajudaram no sucesso comercial da empresa, mas isto não vem ao caso.

(**) Interessante lembrar que Skol, Brahma e Antarctica são do mesmo dono.