Música – Shows de abril

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Apesar de Setembro ser visto por muitos como o mês da música de 2011 no Brasil, devido ao mega evento Rock in Rio, abril também trouxe boas surpresas e artistas de relevância até maior do que aqueles que vão se apresentar no festival que mantém o ‘rock‘ praticamente só no nome.

Foram três shows fantásticos praticamente na mesma semana, que sacudiram o mercado e fizeram a alegria dos fãs. Ozzy Osbourne, U2 e Roxette. Todos eles em turnê pelo Brasil fazendo shows em várias capitais, com exceção do U2 que ficou apenas em São Paulo reservando 3 dias na agenda para o público brasileiro.

O primeiro foi o Ozzy, que fez um show antológico (como de costume) no Mineirinho e que apesar da tradicional e conhecida péssima acústica do local conseguiu empolgar a platéia com seus clássicos e presença de palco. O show começou pontualmente no horário marcado e eu inclusive desconfio que deixou muita gente do lado de fora se estapeando na fila. Sorte a minha que entrei antes, comprei umas latinhas e consegui pegar um bom lugar na pista para ver o Príncipe das Trevas mais uma vez.

A primeira vez que vi o Ozzy foi em 2008 em São Paulo quando lançava o disco Black Rain e teve o show aberto por Black Label Society e Korn. O evento em si foi espetacular e emocionante, talvez pela minha ansiedade de ver o Madman pela primeira vez ou talvez pela organização dos paulistas ser mais elegante que a nossa. Nesse show, antes do início, Ozzy ficou fazendo umas gracinhas do tipo conversar com a platéia dos bastidores enquanto o povo ia à loucura ao ouvir suas risadas nos alto falantes do Morumbi. Aqui no Mineirinho não teve esse suspense. O show estava marcado para 21h (ou era 22?) e teríamos ainda a banda de abertura Hibria. Para minha surpresa o Hibria tocou antes do horário marcado e na hora do convite já estava lá Ozzy no palco. Sem cerimônia e sem emoção ele simplesmente entrou, cantou e foi embora. Sorte que é o Ozzy.

Seu novo guitarrista, diga-se de passagem, mostrou a que veio e convenceu o público de suas habilidades fazendo solos cinematográficos e fantásticos, ganhando a simpatia do público ao puxar um trecho de ‘Brasileirinho’ durante um momento Guitar Hero da noite. Mas mesmo assim essa performance não foi tão marcante quanto ver o troglodita Zakk Wilde solando, sangrando e manchando a guitarra branca de vermelho no show passado. Mas em questão de repertório o Mineirinho agradou mais, inclusive na fase Black Sabbath de onde tivemos Paranoid, War Pigs, Iron Man (inteira!) e a linda Faries Wear Boots. Já da fase solo vieram as tradicionais e esperadas Mama I´m Coming Home, Bark at the moon, Crazy Train, Mr. Crowley, Suicide Solution, I Don´t Know e outras. Além é claro da música atual de trabalho, Scream.

Uma bronca que eu tenho do Ozzy e de seus shows é o fato dele simplesmente ignorar o disco que eu mais gosto, Ozzmosis de 1995. Disco maravilhoso e inigualável que põe no chinelo os últimos Scream e Black Rain, e de onde saíram músicas fantásticas como Perry Mason, Ghost Behind My Eyes, Denial, Old LA Tonight e todo o restante. Mas fazer o que né, vai discutir com o Príncipe das Trevas? 🙂

O segundo show da lista foi o U2, que dispensa apresentações. Tudo que cerca o U2 é grandioso e espetacular, numa raríssima mistura de qualidade musical com aparato tecnológico e infra estrutura de show. A atual turnê 360º não é apenas a turnê mais bem sucedida (financeiramente) de todos os tempos, mas deve ser também a mais incrível já projetada e executada. Com o palco monstruoso no meio do gramado é impossível não se impressionar mesmo que a distância. Este show infelizmente eu não fui e por enquanto com relação ao U2 vou me contentando com as ótimas lembrancas da POP MART Tour que vi, também em SP, em 1998.

Finalmente o último da lista é o saudoso, emocionante e carismático Roxette. Há tempos atrás, vendo uma onda de reuniões musicais que estava acontecendo na música, quando bandas que já tinham acabado voltavam à atividade para sacudir os fãs (e ganhar um trocado) eu fiz um exercício de imaginar qual banda de antigamente eu gostaria de ver e me lembrei da dupla sueca do Roxette. Me lembro bem da primeira fita K7 que comprei na vida e foi justamente o disco Joyride em 1993. Jamais imaginaria que 18 anos mais tarde estaria eu num ginásio lotado em Belo Horizonte aplaudindo clássicos desse disco executados pela lendária dupla Marie Fredriksson e Per Gessle de forma acústica ao violão. Foi realmente algo memorável e de se emocionar.

Por falar em ganhar o público, o que o guitarrista do Roxette fez foi de envergonhar o guitar hero do Ozzy que achou que a sacada ‘Brasileirinho’ já era o suficiente. O rapaz foi além e numa jogada extremamente feliz conquistou a todos executando de forma dramática as notas de “Ó Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais, ó Minas Gerais.

Com quase uma hora (perdoada) de atraso, o Roxette entrou no palco e de cara atacou de Dressed For Success, seguida de Sleeping in My Car do disco Crash Boom Bang. Daí pra frente o show foi uma mistura de músicas desconhecidas (pelo menos por mim) e clássicos de todos os tempos de tirar o fôlego. Coisa que faria até sua avó virar os olhinhos ao ouvir ao vivo baladas como It Must Have Been Love e Spending My Time. Tivemos ainda Joyride, Church of Your Hear, Perfect Day, Things Will Never Be The Same, Watercolors in the rain, How Do you Do?, Dangerous, Listen to your hear e outras. Algumas delas, como dito, só na voz e violão, fazendo o público suspirar ao ritmo do casal.

Pois bem, com tantas boas opções de show musical não foi a mitologia do criador do Heavy Metal nem a grandiosidade do U2 que mais me empolgaram e sim o jeito simples e perfeito do Roxette que numa mistura de competência e saudade cravaram o mês de abril de 2011 num mês de saudade eterna e carinho no coração daqueles que apreciam uma boa e histórica apresentação ao vivo.

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