Música – Offspring em BH

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Eu não sou punk! Nunca fui. Não usei cabelo vermelho, rosa, verde, com parafina, corrente, calça rasgada, piercing, nada disso. No máximo um jeans surrado, um tênis furado e uma camisa preta de banda. E um cabelo desdrenhado. Mas nada radical, nada punk.

Apesar disso eu simpatizo com a idéia, com a filosofia, com o foda-se e principalmente, com o ritmo musical.

O punk enquanto ritmo são aqueles três acordes mal tocados, uma bateria acelerada e um meliante se esganiçando e provocando ao microfone.

O punk, penso, nasceu com os Sex Pistols na Inglaterra e virou Ramones na América. Gosto e respeito os dois.

Diga-se de passagem, “Ramones” não é uma marca de grife para estampar camisetas femininas, da mesma forma como é ridículo lojas caras venderem jeans rasgados e justamente por serem rasgados, são muito mais caros.

O que diriam os velhos punks mendigos que só tiveram um jeans na vida se pudessem receber royalties pela exploração comercial da moda que eles lançaram?

Meus primeiros contatos com o mundo do rock não vieram pelo Ramones ou Sex Pistols, mas sim pelo Green Day e pela MTV. E na época, Green Day era chamado de punk. Hoje eu tenho maturidade o suficiente para entender que, talvez um dia eles tenham brincado disso mas, naaa, deixa.

O punk de verdade, todos sabem, vai muito além da sonoridade e está muito mais ligado à atitude.

Está aí o Jim Morrisson, um grande e verdadeiro punk. Um baderneiro. Um cara que liga o foda-se sem desfazer o cabelo e no entanto o The Doors não é uma banda punk.

Mas o Green Day é. Ou era. Ou queriam que fosse.

O fato é que a primeira vez que ouvi When I Come Around achei muito legal e comprei o Dookie.

Considero, até hoje, o Dookie um dos meus melhores discos. Mas não acho que seja um disco puuuunk por assim dizer. É sim um disco cujo ritmo punk-rock é muito bem feito. Tá certo que os integrantes deviam ser uns drogados vivendo loucamente a juventude e o rock and roll e isso está intimamente ligado ao universo punk mas ainda sim rolava um quê de MTV demais. E ainda rola né.

Enfim, depois do Green Day busquei outras referências punk e acabei trombando com o Offspring cujos especialistas juravam que era muuuito melhor.

Comprei um tal de Smash e, PQP, que disco! Virei fã. Melhor ou pior que o Dookie? Não sei, esses rankings cansam. O importante era que eu tinha uma nova banda a adorar.

Foi então que depois do Smash lançaram Ixnay on the Hombre e achei bacana. Não conseguiram repetir a uniformidade de músicas boas do Smash mas ainda assim tinha Mota, Me and My Old Lady e o hit-MTV ‘All I want’.

Acho que foi aí que a coisa desandou, MTV!

O próximo disco, Americana, veio cheio de bobagens tipo Pretty Fly For a White Guy e Why DOn´t you get a job que foram ultra sucessos mundiais.

Aí foi aquela coisa, milhares de fãs da noite pro dia que nunca tinham ouvido Come Out and Play, Bad Habit ou até mesmo Self ESteem, e o pior, achavam que Offspring era essa bobagem alegrinha de “Uno, dos, tres, cuatro, cinco, cinco, seis”

Desisti! Larguei pra lá. Nunca mais procurei nada. Ignorei. Liguei o foda-se!

Duzentos anos depois, num certo Pop Rock Brasil, em Belo Horizonte, anunciaram Offspring como atração principal.

Fiquei curioso! Pensei, será que rola?

O problema era que, mesmo sem acompanhar nada da banda, o fato dela tocar num festival tão idiota quanto Pop Rock Brasil já não precisava dizer mais nada. Resolvi não ir.

De forma saudosista, olhei o setlist tocado e até vi que tinham músicas interessantes, claro! Mas não tive estômago para assistir NX Zero enquanto esperava o show principal. Ignorei.

Hoje, outros duzentos anos depois, ao passar pelo Chevrolet Hall, também em BH, vi um cartaz “The Offspring, 5 de fevereiro”.

Pensei, não estou fazendo naaada, quem sabe não rola uma nostalgia? E quem sabe não rola “Bad Habit”?

Vou conferir!

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