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Mercado Central

janeiro 12, 2009

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Se Minas não tem mar, vamos pro bar. Seguindo esta lógica, a capital dos butecos (segundo até o New York Times) , reserva aos especialistas um reduto muito aconchegante e extremamente folclórico com aquilo que a boêmia tem de melhor para oferecer.

Completando 80 anos este ano, o Mercado Central de Belo Horizonte segue firme com seu charme, variedade, sons, cores e odores. Uma mistura ímpar de filosofia, culinária apurada, cultura e simpatia.

Reza a lenda que Ferreira Gullar (*) certa vez não apareceu para uma palestra que tinha marcada na cidade. Motivo, passou no Mercado antes e de lá não quis sair. Além dele boa parte da nata intelectual da região costumam desfilar por aqueles corredores. Eu mesmo já vi Lô Borges escorado no balcão deliciando uma birita como se fosse qualquer um.

À primeira vista o cenário pode amedrontar o marinheiro de primeira viagem, principalmente as mujeres, que são feitas ‘Garotas de Ipanema‘ desfilando sob o olhar matuteiro dos malandros. Quem passa pelos corredores dos bares, vez por outra se assusta com a intimidade e a insitência do pessoal que oferece uma cerveja. Tamanha devoção fica difícil recusar o convite.

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O programa ideal é o seguinte, junte a turma, chegue cedo, escolha o bar e comece a labuta. Desce uma, duas, três. Desce agora um tira-gosto e mais um copo pro amigo que chegou. Desce mais umas duas e, opa!, pit-stop. 50 centavos no banheiro e na volta pro bar, que tal dar uma passadinha no Rei do Torresmo? Peça a porção pequena (R$5,00) “pra levar” de torresmo com mandioca.

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Volte pra mesa e divida o aperitivo com a moçada. Cerca de cinco ou seis horas depois esses passos já se repetiram inúmeras vezes (não necessariamente na mesma ordem) e todos ficaram amigos, felizes e planejando o futuro. Talvez marcando o próximo encontro.

Mas nem tudo são flores, como toda butecada, há de se tomar cuidado com aqueles que aparecem, enchem meio copo, dão um sorriso e um tchauzinho. Praqueles que ficam até o final, esse meio copinho multiplicado por meia dúzia de gatunos costuma fazer uma boa diferença. E que diferença…

Mas mesmo assim a experiência vale a pena e a tradição vai sendo passada de pai para filho. Desta forma, e com o calor do álcool, vamos sendo induzidos a cantar “não há lugar melhor que Beagá!”

Ainda tem os 10%...

Ainda tem os 10%...

(*) Ouvi esta história de um professor de cursinho… Não me pergunte mais do que isso sobre Ferreira Gullar, mas o Wikipedia pode lhe dar uma luz.