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La main de Dieu

novembro 19, 2009

Futebol é dinheiro e que ninguém duvide disso. Paixão nacional? Ótima oportunidade para lucrar e o problema é simplesmente em qual lado da briga você está, nos explorados ou nos exploradores? Tudo bem, no fundo tudo é assim mesmo mas vamos pegar o exemplo específico do futebol por ser um fenômeno de proporções globais.

No Brasil, terra do futebol, uma grande maioria miserável e medíocre é apaixonada pelo jogo; isto! não passa de um JOGO. Por que deixar a vida inteira de lado para dedicar taaanto tempo a UM jogo? Quem ganha($) não entende, mas adora a situação. Parece um esquema nacional para entreter a população. Na verdade, a questão do “entreter” seria ligado a épocas romanas e comparações com a panis et circenses ou seja, um povo entretido e alimentado não vai fazer revolução. Como no Brasil (e no mundo) o esquema já está muito bem enraizado, não passa pela cabeça de ninguém fazer revolução então o jogo está ganho. O objetivo de hoje não é entreter, e sim assaltar. Mas é um assalto simpático, hipnótico afinal de contas ninguém é obrigado a ir num estádio, comprar o PFC ou saber a tabela do Brasileiro. Quer dizer, não é, mas é. O sujeito 100% alheio ao futebol no Brasil não tem assunto, não tem amigos, não tem inimigos, não é ninguém, é invisível.

E tudo é decidido pelo dinheiro. Você acha que a Globo puxa o saco dos times paulistas e cariocas? Não! Ela não faz isso, ela enxerga é o mercado. Quando o Corinthians ganhou uma competição importante neste ano a Globo fez festa como quem comemora um título mundial. Mas era o time de um Estado e não do país. A Globo, que fala tanto da Copa Libertadores (pelo seu alto teor comercial ), quando viu um time de Minas Gerais disputar a final, preferiu, em alguns lugares, passar um clássico do futebol paulista (pelo Campeonato Brasileiro) num jogo totalmente desimportante porém, com maior valor de mercado. Fosse um time carioca ou paulista, o Brasil parava.

Futebol, mercado, paixão são coisas passageiras e dependem de constante observação. São índices medidos com o mesmo rigor de uma audiência. Com exceção da torcida do Atlético-MG (e outras aflitas Brasil afora), que passou 100 anos sem ganhar um título de expressão, os outros times se revezam na bola da vez para alimentar a chama das massas. Ainda assim o Atlético, vez por outra ganha um jogo do Cruzeiro ou um outro mais ou menos importante e isso já é o suficiente para explodir a raiva atleticana e garantir: venda de camisa, venda de audiência e recorde de público. Ou seja, uma torcida apaixonada representa um alto potencial econômico a ser explorado.

No Brasil os títulos do Campeonato Brasileiro se revezam entre Rio e São Paulo e (coincidência ou não) as maiores e mais apaixonadas torcidas estão lá. Mas o que aconteceria ao resto do Brasil caso os títulos se perpetuassem entre os dois Estados? Ora, o interesse ia diminuir. E diminuir interesse significa diminuir audiência, diminuir dinheiro. Então, veez por outra vamos deixar um time de fora ganhar. Que seja um time de Minas, do Sul, do Nordeste.. mas tão logo eles ganham suas migalhas, voltamos a cuidar da nossa galinha dos ovos de ouro.

Em escala internacional o jogo é absolutamente o mesmo. Certo dia vi alguém comentando sobre o desinteresse dos americanos com o futebol. Por lá, o beisebol e o basquete rendem absurdamente mais dinheiro do que o esporte de Pelé. Então, para contornar o problema e explorar novos mercados os times americanos estavam contratando estrelas do futebol mundial para aumentar o interesse da população, a exemplo de David Beckham.

A final da Copa do Mundo de 1998, num estranho e polêmico episódio em que o Brasil, favorito, foi derrotado pela França após uma sequência de acontecimentos bizarros (como uma suposta convulsão de Ronaldo Shemale Phenomenon), é apontada por alguns críticos (chatos, inconvenientes de galocha) como uma manipulação política e estratégica para dar o título a outro país tirando o monopólio das mãos dos brasileiros.

Imagine o nível de desinteresse mundial caso o Brasil vencesse toooodas as Copas do Mundo. Não pode! Tem que ser assim, cada hora um ganha para garantir o chama global e alta lucratividade. Puxa vida, uma copa do Mundo sozinha gera mais audiência do que uma Olimpíadas, onde disputam TODAS as modalidades, engraçado não?

E foi assim que ontem, num jogo desesperador a França se viu numa situação delicada. Ficar mais uma vez de fora da festa. Agora pensa comigo, a França fora da Copa?? Um dos países mais ricos da Europa?? De fora?? E se o bloco europeu perder o interesse por futebol?? Vamos assistir o Brasil, terceiro mundo irritante, sendo campeão de novo?? Não pode, sem chance.

Gol roubado? Sim. Mas foi por um bem maior.

Junte-se a eles

maio 11, 2009

paocirco

Dias antes do antológico show do Iron Maiden em Belo Horizonte eu perguntei a um amigo se ele iria mais uma vez prestigiar os ingleses:

-Eu até queria.. no dia eu vou estar na Pampulha, mas não no Mineirinho, vou ao jogo do Cruzeiro no Mineirão.

O que?? Você vai deixar de ver o Iron pra ver jogo do Cruzeiro? – perguntei. “Sim! Este ano a Libertadores é nossa e não posso perder um jogo destes em casa“.

Entendo. Realmente a Libertadores é um campeonato importante e o fato do Cruzeiro, não só estar disputando, mas estar bem é muito bom. Então tá.

Dias depois os jornais anunciam um evento que vai parar a cidade, o jogo Cruzeiro e Atlético. Pela Libertadores? Não! Claro que não! É a final do Campeonato Mineiro.

Ah entendi, são dois campeonatos ao mesmo tempo, a Libertadores e o Campeonato Mineiro, beleza!

Quando o jogo acabou (com a aviltante vitória de 5×0 do time da Toca) o narrador anuncia: “Semana que vem, no segundo jogo da final a situação do Cruzeiro vai ser muito tranquila.

Perai! Segundo jogo da final? Esse povo é esperto. Quem pode parar uma cidade, um país, um dia; pára dois num é não? Com isso a audiência das TVs e das FMs vão lá em cima duas vezes! O público lota o Mineirão, eles vendem camisa, vende isso, vende aquilo, vende jornal, os programas diários de esporte tem assunto pro mês e por aí vai.

Tudo bem, veio o segundo jogo da final e o empate favoreceu o Cruzeiro que se sagrou campeão. Agora todos podem se concentrar na Libertadores.

Dois dias depois uma notícia chama a atenção: “Jogo importantíssimo para o Atlético!!!“, hein? Mas já? Como assim?

Era um jogo da Copa do Brasil, o Galo precisava ganhar de não sei quem por não sei quanto e blablabla. Mas outro Campeonato?? Sim amigo, outro!

Isso já tá ficando chato. Foi então que o Galo perdeu e foi eliminado da Copa do Brasil. Ótimo! Agora chega de futebol diário, vamos assistir a Libertadores, jogo semana sim semana não, torcer pelos times brasileiros, torcer por Minas Gerais e… de repente o país pára novamente. Os meios de comunicação fazem um alvoroço, um rebuliço, as torcidas se agitam, os ânimos se exaltam, os cruzeirenses tem sede de vitória e o Atlético busca a chance de se redimir com a torcida… estava começando o CAMPEONATO BRASILEIRO.

Aaaaahhh!! Nãããããão!!!! Mais um campeonato??? Quem aguenta isso?? É futebol o ano inteiro??

Sim! E este é o ponto chave do negócio. O esquema é tão bem bolado que garante entretenimento pra quase 100% da população durante (quase) todas as quartas e domingos do ano. Um campeonato acaba no início do outro que já emenda com o meio de mais um e todos esperam o nacional.

É, parece que o que vale é o velho ditado, se não pode com eles…

Agora, a Libertadores da América quer libertar quem de quem? Dá vontade de dizer a todos: hermanos, libertem-se do futebol!

Fora d´Água

abril 15, 2009

alien

Saindo do cinema resolvemos tomar uma gelada para refrescar as idéias e discutir alguns pontos do filme. Chegando ao local escolhido percebemos um pequeno grupo de pessoas em pé disputando um ângulo para assistir alguma coisa num gigantesco aparelho de televisão.

O que causaria tal comoção?

-Boletim informando a morte de alguma celebridade?

-Alguma tragédia natural?

-Acidente aéreo?

-Anúncio de pacote econômico?

-Votações na câmara?

-Pronunciamento do Presidente?

-Sorteio da Mega-Sena?

-Boletim alertando invasão alienígena com instruções de sobrevivência?

Não. Era Cruzeiro x Ituiutaba. Merda!

Pois bem, sentei de costas para televisão quando de repente: GOL! Gooooooolll!! – Olhei para trás e vi meia dúzia de pessoas de pé, se abraçando, comemorando e na televisão: tudo vermelho!

Uai! Não foi gol do Cruzeiro? Não. E o Ituiutaba tem torcedores aqui? Também não. Eram atleticanos de plantão. Tudo bem.

Retomamos o assunto, pedimos mais uma e continuamos a vida. Não mais que de repente, quando penso que não, uma voz solitária e estridente se ergue do silêncio e anuncia outro gol. Era alguém ouvindo pelo rádio. Milisegundos depois as imagens da televisão confirmam o prenúncio do grito e o bar explodiu como uma panela de pressão: BUM!!!

Cataclismo, desordem, caos, supernova, carnaval.

Todos se levantaram e com as mãos para cima comemoraram.

Lágrimas, abraços, euforia.

Carros passando na rua abrem as janelas e soltam o grito de gol acompanhado de irritante buzina. O sinal aberto é ignorado. O garçom esquece o pedido, solta a bandeja. Críticos fixam o olhar atento  no replay e começam a analisar os movimentos. O grupo opositor é intimidado e ridicularizado.

Aos poucos a paz vai se restabelecendo e tudo tomando seu rumo. Até que novas ogivas fossem liberadas. A cena, se repetiu mais 3 vezes.

Ainda de costas:

-Garçom! A conta por favor.

Vai deixar?

março 30, 2009

galoraposa

Eu não sou muito fã de futebol, muuito menos de me envolver em discussões exacerbadas sobre o assunto, porém, hoje, navegando pelo Google Earth, algo me chamou a atenção.

Sabe aquela ferramenta fantástica, chamada “3D buildings“, que cria modelos em três dimensões de prédios e monumentos famosos ao redor do mundo? Então, estava eu ‘sobrevoando’ a Pampulha quando me deparei com o modelo do Mineirão. Ao explorar as minúcias do estádio encontrei uma cena que não condiz muito com a realidade.

E aí Máfia Azul, vai deixar? hahaha

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Cruzeiro 2 x 1 Atlético

fevereiro 16, 2009

Domingo dia de clássicos no futebol por todo país. Ao invés de assistir Atlético x Cruzeiro, como o resto da cidade, optei por ignorar o jogo e rever dois filmes que estavam na fila: O Que É Isso Companheiro? e JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar.

Não escolhi os filmes em protesto nem em reflexão de nada, tão pouco assisti hoje, dia de clássico, premeditadamente. Apenas aconteceu, e, juntando os fatos, serviu para reforçar antigas teorias de conspiração, pão e circo e etc.

O Que É Isso Companheiro?

companheiro

Deveria fazer parte do programa escolar de todas as escolas do país. Assim como todos os livros e demais filmes que tratam da Ditadura. Uma coisa que a Ditadura nunca subestimou foi a opinião pública e por isso sempre a manteve sobre controle, fechando uma cortina de aparente tranquilidade sobre o país e, por baixo dos panos, utilizando as mais podres artimanhas para garantir sua máquina em funcionamento.

Em 68, quando o AI5 suspendeu os direitos civis e institucionalizou a tortura, notícias contrárias à ditadura simplesmente eram ignoradas pela mídia. A Globo (na época), não só gostou da proibição como, amiga do governo, utilizou a desculpa para desenvolver o bem sucedido plano de controle das massas e se transformou em uma das mais influentes forças políticas até hoje. Como a população não tomava conhecimento dos feitos da resistência estudantil e tão pouco das atrocidades oficiais, um grupo de estudantes sequestrou em 1968 o embaixador dos Estados Unidos em troca de divulgação nos jornais sobre os feitos da Ditadura e exigiu também a liberdade de outras lideranças presas.

Uma cena que chama a atenção, no final, é quando os estudantes vão libertar o embaixador e o fazem num dia de clássico do Flamengo que tinha Maracanã lotado. Com certeza na época aquelas pessoas não estavam nem um pouco interessadas em estudantes sequestrando quem quer que seja, por razão qualquer que fosse. Queriam ver é o Mengão ganhar mais um.

No filme O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias também tem uma cena parecida quando, em meio aos horrores vividos pelo menino que não sabe se verá novamente os pais (procurados pela Ditadura) o país vibra em febre com a conquista do Tricampeonato de Futebol Mundial de 1970.

JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar

jfk

O final do filme adverte, documentos sobre a participação da CIA e do FBI no assassinato de John F. Kennedy, ainda mantidos em sigilo pelos serviços secretos americanos, somente serão abertos em 2029.

Tentar fazer de Kennedy um herói (como Lincoln ou Martin Luther King) seria um erro, mas o que o filme tem de interessante mesmo é trazer a tona as complicadas engrenagens do poder que estão acima de qualquer lei ou moral que possam existir.

O filme, com suas mais de 3 horas de duração, é complexo demais para ser resumido em poucas linhas porém, como estamos falando de alienação e senso comum, vamos focar num ponto que chamou a atenção. Numa cena, embuído em sua investigação e vendo as forças invisíveis do inimigo talharem sua reputação frente ao país e sua família, o personagem de Kevin Costner se desentende  com a mulher, alegando querer ver um país mais justo para os filhos, e esta, diz que, tudo que queria era a sua vida de volta, com um pai presente na páscoa ao invés de um marido envolvido  numa louca conspiração de que o assassinato do Presidente fora armado e encomendado por gente de dentro do próprio governo.

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Pois bem, cheguei em casa, tirei os sapatos e fui sapear a televisão para ver o que diziam meus inimigos. O Fantástico então gastou 30 minutos (vendo, revendo, comentando, criticando, elogiando, analisando e detalhando) todos os gols do final de semana, mais 10 minutos de “Bola Cheia e Bola Murcha” e apenas 10 segundos comentando a infelicidade que foi um torcedor ter sido assassinado, justamente em Belo Horizonte, por motivos de briga de torcida,  quando ia ver o jogo Cruzeiro x Atlético.

Ah, que época boa era a Ditadura, eu poderia ter ido dormir sem essa.