Pobre de mim, pobre de nós, réles mortais, brasileiros e com algum juízo financeiro. Mas se o Iphone 4 brasileiro é o mais caro do mundo, não seria legal a Apple encher nossas lojas com o produto para que todo mundo cometesse a irresponsabilidade de comprar essa maravilha da engenharia moderna? Porque então é diferente?
Tempos atrás vi uma propaganda de um celular resistente a queda, poeira e água. Além disso ainda era um elegante smartphone com gigantesca tela touchscreen, vidro gorila não sei das quantas, wifi, bluetooth e o capeta! Eita, pensei, vou querer um esquema desse! Uma vez que a Apple não me permite o luxo e a alegria de desfrutar de um dos seus aparelhos top de linha, vou me contentar com esse modesto e simpático Motorola Defy.
Coitado de mim, fui na loja da Claro e a mulher falou que estava em falta. Perguntei a quanto sairia para mim (um dos trouxas que tem linha, paga assinatura e não tem promoção de nada (*)) e ela disse: “R$290,00”. O que???? Um aparelho filé desses a 290?? Nossa senhora, eu quero!!
(*) Na verdade só temos direito a promoção de aparelho de tempos em tempos. Quando sua alma fica presa a eles e eles podem deitar e rolar.
Já que perguntar não ofende, e o Iphone com desconto? -R$1500,00.
-Ah, adoro o Defy.
Pois bem, sabendo da luta e imaginando o sucesso do aparelho, uma vez que se tratava aparentemente de um excelente smartphone de baixo custo, resolvi conter a emoção e esperar alguns dias e semanas. Foi então que, dado este tempo depois, o meu atual celular guerreiro (que já tem uma incômoda mancha negra na tela fruto de um golpe de misericórdia da última queda que sofreu) resolveu também começar a desligar sozinho. Ótimo – pensei – sinal do Deus dos celulares de que o tempo de esperar acabou, é hora de evoluir.
Assim chegamos ao dia de hoje, quer dizer, antes disso chegamos a quinta-feira da semana passada. Fui na loja da Claro na Savassi, em Belo Horizonte e uma moça me disse que o Defy ainda estava em falta mas que poderia chegar na próxima quinta-feira (hoje). O que me preocupa é sempre o tempo do verbo, ‘poderia’ chegar. E isso nos trás finalmente ao fatídico 27 de janeiro de 2011.
Revoltado, ancioso e desconfiado da vida resolvi tentar a sorte na loja da Claro do BH Shopping, em vão. A moça confirmou que o Defy está sendo muito procurado e não bastasse o fato, ainda havia várias semanas que não chegava remessa nova. Voltamos então à questão Apple: “Porque que justamente o produto que faz sucesso e todo mundo quer, FALTA NAS LOJAS??” Eu juro que não entendo.
No lugar do Defy trouxeram então o Motorola Spice, Nokia C3 e Nokia não sei quem. Olhei pra eles, eles olharam pra mim, olhei novamente pra eles, eles olharam novamente pra mim… mas não teve tesão. Se fosse pra ser assim, eu ficava com meu velho desligante LCD quebrado mesmo.
Foi então que enchi o peito de ar, segurei uma mão na outra, olhei no fundo dos olhos da atendente e perguntei: “E o Samsung Galaxy?”
Ela sentiu a pressão na hora! Recolheu todos os celulares do balcão, me chamou mais perto e disse: “Samsung Galaxy S?” em tom sedutor. Eu confirmei com a euforia e insegurança de quem está prestes a cometer a tal tão temida irresponsabilidade financeira da qual o sistema tanto gosta:
-Sairia a R$1000,00 para o senhor, dividido em até 3x maaaaaaaaaaaaaaaas, não tem.
-Não tem?? E nem previsão?
-Bingo!
Toma no c*! – pensei. Hoje em dia, nem se você quiser fazer uma loucura tecnológica você pode. Já que já estava todo cagado mesmo arrisquei novamente, e o Iphone 4?
-Também não – disse a moça em tom de despedida. “-Mas, se você for em outra loja Claro, não deve encontrar o Defy, mas esses dois com certeza.”
Sai com o sangue quente e as mãos tremendo em busca do próximo shopping mais próximo antes que a fantasia acabasse. Fui ao Diammond Mall. Lá chegando encontrei uma Loja da Claro jogada às traças com apenas um atendente, um cliente e um recepcionista. Mais ninguém! Um cenário perfeito para um crime contra o sistema financeiro (o meu), sem testemunhas e sem lero-lero.
Me apresentei ao recepcionista dizendo logo que gostaria de trocar de aparelho. Ele então numa atitude nada delicada (e incrivelmente desdenhada ao cliente) fechou a cara e disse:
-Qual aparelho você quer?
-Defy, eu disse.
-Não tem.
Como assim não tem? Não tem e acabou? Não vai nem me convidar pra sentar nessa sua loja pobre, vazia, cafona e tentar me empurrar um outro aparelho qualquer que me amarre à operadora por outros 12 meses?? Simplesmente não tem e tchau? Isso não vai ficar assim.
-E o Galaxy S?-Não tem.
FDP!
-E o Iphone4?
-Qual o seu plano? – perguntou a simpatia em pessoa, e quando eu respondi achei que iria ter uma crise de riso ou chamar o segurança para me varrer dali.
Ah quer saber? Cansei! Fritei! Desisto. Quem precisa de um celular novo mesmo? E se bobear, o Nokia C3 deve ser bem melhor que qualquer Iphone, Galaxy S ou Motorola Defy da praça!
Será? 😦